Vista de cima, a casa do artista plástico e pintor, Flávio Scholles, tem o formato de uma cruz. Dizem que é para ficar visível aos extraterrestes. Estive lá em um domingo desses e não perguntei isso a ele, tampouco qualquer coisa. Aliás, tinha um número considerável de pessoas visitando seu espaço e conversando sobre suas obras. Eu fui lá para fazer o que se faz em espaços onde há arte: ver, sentir, tentar entender...
Scholles tem mais de duas mil pinturas espalhadas pela sua casa. Quase todas à venda. Seu espaço fica localizado no meio de uma estrada, há uns 50km de Porto Alegre, na cidade de Morro Reuter. Deve ser bom viver lá, entre os morros e a natureza, quase no meio do nada.
Mesmo assim, Scholles é popular e suas obras são atuais. Tem muito de contemporâneo e de cunho social em seus quadros: acesso a moradia, êxodo rural, homossexualidade, entre outros. Pablo Picasso e os cubistas permeiam seus trabalhos, em muitos exemplares dá para perceber a inspiração. Seus traços também remetem a alguns exemplos bem sucedidos de Pop Art. Inclusive, há outros produtos à venda com reprodução das obras, como canecas.
Antes de conhecer o espaço de Flávio Scholles, achava que ele era um louco ermitão. No sentido pejorativo das palavras. Agora, acredito que sua “loucura” e seu "distanciamento" (foi professor da UFRGS, em Porto Alegre, e largou tudo para viver em Morro Reuter, onde nasceu), não tem nada de pejorativo e, sim, exatamente ao contrário.