terça-feira, 24 de julho de 2018

O Tênis do Camelô


Eu não precisava de mais um par de tênis. Mas vi o camelô usando um modelo muito bonito. E essas coisas de camelô geralmente são baratas.

- Ô, amigo! Tu tem um igual esse teu aí número 43?
- Tenho esse aqui ó - e ele me entegou um par.
- Hum... Mas o solado tá diferente. E tem essa costura...
- É que é segunda linha né.
- O que tu tá no pé também é segunda linha?
- Não. O meu é original.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

O Que É Ser Escritor Hoje - Um Relato de Wiley Cash


Abaixo, o relato do escritor norte-americano Wiley Cash sobre os desafios de viver de escrita. O texto foi postado originalmente no twitter do autor e traduzido para o português pelo jornalista André Barcinski, que o publicou na íntegra em seu blog.


Ontem à noite jantei e tomei cerveja com um bom amigo, que também é um escritor bem-sucedido, o tipo de escritor cuja carreira muitos de nós invejaríamos. Eu tenho pensando nele e nas coisas sobre as quais conversamos. Aqui vai:

Quando as pessoas descobrem que sou escritor, muitas vezes, ouço coisas como: "Eu adoraria escrever, mas não tenho tempo", ou "Deve ser incrível sentar na mesa o dia todo e escrever o seu livro".  Anos atrás, quando minha esposa e eu nos mudamos para o nosso bairro, uma vizinha me disse que, sempre que passava pela nossa casa enquanto passeava com seu cachorro, ela pensava em mim lá dentro, sentado na minha mesa, trabalhando em um romance. Ela disse isso melancolicamente, como se fosse a vida mais tranquila que ela pudesse imaginar. 

Nos últimos seis anos, publiquei três romances e um monte de contos e ensaios. Meu amigo com quem jantei publicou mais livros e ensaios que eu, e sua carreira tem sido um pouco mais longa, e ele vendeu mais livros. Mas quando nos encontramos, não falamos sobre nossos livros. Falamos sobre o trabalho. Falamos sobre seguro-saúde. Falamos sobre como o trabalho não-literário, as palestras, os workshops, os cursos que ministramos, limitarão nosso tempo livre na mesa, escrevendo. Falamos sobre as ligações que recebemos de pessoas de Hollywood e se devemos ou não acreditar quando elas nos pedem para trabalhar de graça na esperança de que alguém compre nossos projetos. Falamos de convites para palestras em bibliotecas, universidades e grupos cívicos. Quanto vão nos pagar?

Quanto podemos esperar ganhar? Quanto vale ficar longe de nossa família por mais um noite? Devemos incluir no valor o tempo de dirigir, esperar no aeroporto e pegar um avião? Devemos ser honestos sobre como uma hora de "trabalho" requer 36 horas de viagem e preparação?

Falamos sobre "blurbs" (frases elogiosas, geralmente de outros escritores, publicadas em capas e contracapas de livros para ajudar nas vendas), tanto as que pedimos, quanto as que somos solicitados a contribuir. Falamos sobre o mercado de livros e como nos sentimos sobre nossos agentes e editores. Falamos sobre a esperança de que o próximo livro seja o que nos ajude a chegar ao ponto em que finalmente não precisemos mais ter as conversas que ainda temos.

A maioria dos meus amigos são escritores, e muitos poucos pode se considerar "bem de vida". Todos correm atrás, ralam, tanto em seus trabalhos literários, quanto em suas vidas pessoais. Há apenas um punhado de escritores neste país que não tem empregos paralelos ao trabalho literário. Conheço dois ou três.

Concluindo:

O livro que chega na estante da livraria não é o produto da vida dedicada à escrita, mas, na maioria dos casos, o subproduto da vida dedicada à escrita. E essa vida, muitas vezes, é menos sobre escrever e mais sobre tentar manter a qualidade de vida da sua família.

Muitos empregos são difíceis, e muitas pessoas não ganham o salário que merecem. mas, na vida de escritor, pode acontecer de você trabalhar por anos em um projeto em que acredita, e ninguém publicar seu livro ou comprar seu roteiro, e você não receber um centavo. Então você dá aulas. Você trabalha como editor. Você escreve para revistas. Você viaja. Você dá palestras. Você passa semanas por ano longe da família. Você se preocupa com o seguro, com sua hipoteca e com as mensalidades das escolas de seus filhos.

E quando você coloca a cabeça no travesseiro, sua mente viaja para aquele lugar especial onde seu livro repousa brilhante em sua imaginação, e você adormece esperando e rezando para que seja o livro que finalmente vai recompensar o esforço da vida que escolheu.

Você pensa em sentar na mesa onde está escrevendo seu livro, olhando pela janela. Sua vizinha passa com o cachorro, e você espera que um dia ela esteja 100% correta em pensar: um escritor mora ali!

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Um Gato Que Se Chamava Rex



O melhor que pude com o que tinha. Esse é meu mantra e foi assim com o processo de criação de Um Gato Que Se Chamava Rex. Meu livro mais recente publicado pela Editora Moinhos. O curioso é que nunca pensei em escrever para o público infantil. Foi uma ideia inusitada, que surgiu no final de 2015, e apostei nela. O texto foi amadurecendo e ganhando pequenas alterações, porém, a essência foi mantida. Contar as aventuras de um gato que acredita ser um cachorro.

O resultado ficou muito acima do esperado Uma edição caprichada, papel de qualidade e belas ilustrações. O livro já está a venda no site da Moinhos.

Também tenho uns exemplares comigo e envio para os interessados via Correios. Nessa primeira leva, tem desconto.

Agora, com o trabalho concluído, quero muito bater perna por aí. Levar o Rex para escolas, ONGs, etc. Aos leitores, espero que gostem da história, que dedico a Núbia, minha mãe, e ao Murilo, meu filho.

SOBRE O LIVRO

Pode alguém sentir que nasceu dentro de um corpo errado?”. É o que pergunta e instiga o narrador de Um gato que se chamava Rex, a mais recente publicação da editora Moinhos. O livro infantil é de autoria de Lucas Barroso (Virose, 2013, e Um Silêncio Avassalador, 2016) e tem ilustrações são de Humberto Nunes.

A história conta as aventuras e desventuras de um gato que acredita ser cachorro e, por esse motivo, recebe o nome de Rex. Um livro que fala do respeito as diferenças, além de tratar do valor da amizade.

“As dificuldades de convívio mais fraterno e humano, nestes tempos em que o preconceito anda solto, tem-se aí uma oportunidade de, numa história infantil, partir para a reflexão sobre a aceitação do outro, respeitando suas singularidades”, diz a jornalista, escritora e professora Luiza Carravetta, que assina a contracapa da edição.

Um gato que se chamava Rex é o primeiro título infantil de Lucas Barroso. Segundo ele, a criação da obra surgiu a partir de outra ideia. “Quando era criança, me recordo de ouvir aqueles vinis coloridos, que contavam histórias infantis clássicas. Tinham muitas fábulas tradicionais. Acho que meu livro remete um pouco a essa memória afetiva. Mas o curioso é que a ideia inicial era um conto adulto, um diálogo de um gato com seu dono. Enquanto fazia o rascunho, surgiu essa fagulha e apareceu o Rex. O bichinho tomou conta e me levou para essa história que esta aí".