Vítimas da Boate Kiss |
A verdade é que eu tento não pensar em coisas tristes. Por isso, faço de tudo para não absorver o que vejo nos noticiários. Mas, às vezes, não tem jeito. Soube que uma boate, superlotada de jovens, incendiou. O resultado foi a morte de muitos rapazes e garotas. Ao todo, 32 mortos. Aconteceu na Romênia. Os responsáveis pela festa e demais envolvidos foram presos. Além disso, um político do alto escalão – o primeiro-ministro – renunciou. As ruas de Bucareste estão abarrotadas de pessoas indignadas, segundo relatos que vem de lá.
Há quase três anos, uma situação semelhante, porém, muito mais trágica, nos assombrava. Dia 27 de janeiro de 2013. Lembro direitinho do dia porque era aniversário de meu pai. Acordei cedo e me preparava para vê-lo. Liguei a televisão e não tinha como evitar o noticiário. Os plantões anunciavam que mais de 230 jovens haviam morrido em Santa Maria, na boate Kiss – no decorrer dos dias, algumas vítimas hospitalizadas faleceram e o número chegou 242.
Os mesmos cenários. Tanto na Romênia, como no Brasil, havia uma casa de show superlotada, sem os requisitos de segurança necessários, onde uma banda fazia um show pirotécnico que acabou em um desastre. Como, diante dessas realidades e fatos, as Justiças tiveram pareceres distintos? Como os romenos estão presos e os brasileiros em liberdade?
Protesto em Bucareste |
Já ouvi dizer, por juristas, que essa leniência, essa morosidade nos trâmites da Justiça, é reflexo da nossa jovem democracia, que tem receio de ser injusta, de parecer ditatorial. É um argumento. Contudo, diante de 242 vidas interrompidas, não me parece uma justificativa plausível. O caso da Boate Kiss é uma mancha em nossa história, que não ficará registrada somente pela tragédia, mas por se tratar de um vergonhoso descaso com muitas e muitas vidas – dos que se foram e dos que ficaram.
A verdade é que eu tento não pensar em coisas tristes, mas, às vezes, não tem jeito.
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