Dia desses, no famigerado grupo de Whats App, um amigo discorreu longamente sobre o Afeganistão. Tinha opinião formada e um aparente entendimento da região, cultura, política, costumes e etc. Ele nos falou da tomada do poder por parte dos talibãs. Apresentou-nos um card, afirmando que o país só foi dominado porque a população afegã não tem porte de armas. Caso tivesse, seria bem possível que o golpe de Estado não ocorresse, pois as pessoas lutariam de revólver em punho contra os mísseis e tanques dos tais talibãs.
Esse meu amigo sabia a orientação político-ideológica dos que agora comandam o país, se eles são de esquerda ou direita. Afinal, isso é muito importante hoje. Eu li tudo embasbacado! Se alguém me der um mapa, não sei apontar ao certo onde fica o Afeganistão. E meu amigo, que nunca esteve lá, nunca leu um livro sobre ou conheceu, de fato, um afegão, sabia tudinho.
Impressiona como as pessoas se tornaram menos ignorantes com as redes sociais. Teve outro amigo que, mesmo trabalhando com venda de roupas, se especializou em infectologia. Ao saber que um conhecido nosso, também participante do grupo do Whats App, teve Covid-19 e foi hospitalizado na UTI, salvando-se depois de quase um mês de internação, questionou o procedimento do médico. “O doutor não aplicou o tratamento precoce de forma correta. Provavelmente, a medicação foi prescrita tardiamente”.
São tantas coisas que aprendemos diariamente nesses grupos. Por isso, a gente não consegue mais fazer outras tantas coisas interessantes, como passear, brincar com o filho, namorar, ou, simplesmente, não fazer nada. Temos sede de conhecimento. Queremos saber das coisas que acontecem. E o Whats App tá cheio de gente para nos informar e explicar.
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Texto publicado originalmente no jornal Diário de Canoas, no dia 25 de agosto.
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