A velha, curvada pelo tempo, chegou na padaria da Borges de Medeiros. Não tomou conhecimento da longa fila no caixa.
- Com licença! Me vê uma coca zero.
- Ó.
- Não essa, moço. Quero a zero.
- Mas é essa, senhora.
- Não é.
- Está escrito aqui: "sem açúcar".
- Ó.
- Não essa, moço. Quero a zero.
- Mas é essa, senhora.
- Não é.
- Está escrito aqui: "sem açúcar".
A velha quase encostou a cara na lata para conferir.
- Cadê o zero?
- É a mesma coisa. Sem açúcar é igual a zero.
- Se é assim, não quero.
- Senhora, é que essas embalagens e esses nomes mudam.
- Meu filho, tem que estar escrito zero.
- É que mudou, já faz um tempo que...
- Não mudou! Vou noutro lugar. Eu sei que tem coca escrito zero por aí.
E saiu. Bem devagar.
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