quarta-feira, 29 de julho de 2015

Uma “Chegadinha” Não Faz Mal a Ninguém


O futebol mudou consideravelmente. Preparação física de ponta. Cifras estrondosas. Estádios modernos. Cobertura massiva da imprensa. Até o jeito de torcer está mudando. Porém, uma coisa não dá para deixar cair no esquecimento: a marcação individual. Falo isso porque assisti Inter e Tigres, semifinal de Libertadores, e vi o tal de Gignac – excelente jogador francês, que recebe a bagatela de 1 milhão de dólares mensais – desfilar toda sua técnica sem ser ao menos incomodado pelos defensores colorados. Será que ninguém da comissão técnica sabia que ele era um jogador diferenciado e mereceria uma atenção especial?

Não sei se resolveria a vida do Inter, afinal, o Tigres se mostrou mais time. O certo é que faltou a tradicional “chegada” no francês. Aquela leve truculência ou malícia às avessas sempre presente nas marcações sob pressão. Não falo em pontapé ou deslealdade, mas sabe como é... Acho que você, estimado leitor, já jogou bola contra alguém diferenciado. Não é nada fácil parar quem entende do riscado. Eu mesmo, como zagueiro mediano de várzea, utilizo algumas artimanhas, até psicológicas, para tentar segurar o ímpeto dos boleiros. Acontece que, ultimamente, tenho visto pouco isso – as exceções são os argentinos e uruguaios. Comentaristas e técnicos preferem que os sistemas defensivos se organizem em zonas. Então, será que, junto das outras antiguidades do futebol, a marcação individual também ficará no passado?

No Mundial de 2011, Durval bem que tentou "se aproximar" de Messi. Não deu. 4x0 Barcelona
Nesses dias após a eliminação do Inter, encontrei dois reconhecidos ex-jogadores da dupla Gre-Nal. Pedrada, que jogou no tricolor e teve sucesso em clubes do Norte-Nordeste na década de 70 e ainda bate uma bola na praça Tamandaré, e Uga, atacante colorado e do extinto Renner nos anos 50 e 60 que, hoje, com 80 anos, desfila sua sabedoria pelas ruas do meu querido Parque São Sebastião. Os dois concordam comigo. Ficaram perplexos com a liberdade de Gignac e, ambos, confirmaram. “Em nossa época, em jogos decisivos, não tinha essa moleza. Sempre havia um chato em nossa volta”.

E não é só no futebol que isso acontece – ou acontecia. No vôlei, esporte que não prevê contato físico, vocês devem lembrar das rusgas entre Brasil e Cuba. As cubanas faziam um pontinho e debochavam, coladas à rede, da turma de Ana Moser, Márcia Fu e Fernanda Venturini. O objetivo era desestabilizar as brasileiras. Dava certo. Voltando a grama. Em 70, Falcão foi anulado por Jurandir, em um GreNal memorável. Não muito longe, em 2006, Ceará teve a missão de “não jogar” e só vigiar os passos de Ronaldinho Gaúcho, que era na ocasião o melhor do mundo. Foram medidas que deram resultado positivo.
Para quem sabe "chegar", o resultado é o conhecido segue o jogo do juiz
Lógico que, muitas vezes as “chegadas” deram errado – vide o estabanado caso de Felipe Melo na Copa de 2010 –, afinal, é complicado marcar um craque. Entretanto, não custa pelo menos tentar. Uma “chegadinha” não faz mal a ninguém...

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