Texto foi publicado no caderno de Esportes, página 50 |
O 7x1 não foi só culpa da CBF
Quando ocorre uma tragédia é natural procurar e apontar
culpados. Faz parte de nossa cultura. O 7x1 fatídico contra a Alemanha, em
casa, foi uma tragédia. A culpada, agora, um ano após o acontecimento, parece
ser a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), segundo avaliação dos maiores
especialistas da área.
Eu discordo. Se acreditar somente nisso, terei de fazer o
raciocínio inverso e crer que as cinco conquistas mundiais foram
responsabilidade da entidade, já que desde 1958 – pelo menos – é notório que pouca
coisa mudou na gestão do nosso futebol. Assim, Pelé, Didi, Garrincha,
Jairzinho, Romário, Bebeto, Ronaldo e Rivaldo teriam de ficar em segundo plano,
o que seria um absurdo.
Com isso, não quero dar a entender que apoio a CBF, que
está, volta e meia, envolvida em casos de corrupção – como o que resultou na
prisão de José Maria Marin, seu ex-presidente. Falo do jogo nas quatro linhas,
da responsabilidade dos jogadores e comissão técnica que, ao meu ver, são
sempre os protagonistas em qualquer vitória ou derrota.
Vimos, nas oitavas de final, no estádio Beira-Rio, a seleção da Argélia encarar a Alemanha de igual para a igual, fazendo o craque goleiro Neuer trabalhar um bocado e ser escolhido o melhor em campo. Os argelinos só cederam na prorrogação. Então, por que o Brasil, em uma semifinal, já como um dos quatro melhores do mundo, conseguiu a façanha inédita de tomar 7x1? Não somos piores que a Argélia, não é mesmo?
Uma das respostas, a mais simples, é que a Alemanha tinha
mais time que o Brasil. Temos a tendência a achar que somos os melhores sempre,
afinal, somos pentacampões. Entretanto, quem acompanha futebol sabia que a
geração deles era melhor. Mas a diferença não era tão abismal assim a ponto de
achar que 7x1 seria justo – na partida, realmente o placar foi justo, porém, antes
dela era algo inimaginável.
O lado psicológico pesou bastante e ficou evidente nos
chororôs sem fim dos jogadores a cada partida. As escolhas erradas de Felipão e
sua comissão técnica também foram cruciais – Daniel Alves, o lateral-direito,
chegou a dizer que o elenco carecia de conceitos táticos –, assim como a
ausência de Neymar, lesionado nas quartas de final, contra a Colômbia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário