quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Quando Tudo é Novo


Vou a pé com meu filho, o pequeno Murilo, no colo até a creche. Todo o dia o mesmo trajeto de seiscentos metros. Ele vai admirando tudo. Vira a cabecinha com agilidade. É sempre o mesmo mendigo, que diz "bom dia, amiguinho!", as mesmas árvores, as mesmas calçadas de basalto, os mesmos sabiás bicando os butiás caídos pelo chão. O poste de luz enferrujado, que ele insiste em colocar a mão, é o mesmo. Também são os mesmos ônibus que lhe assustam na avenida Protásio Alves.

E ele com aqueles olhinhos surpresos! De quem vê pela primeira vez. É uma cena bonita. Um dia, nessa breve caminhada, quis registrar. Desajeitadamente, tentei fotografar. Desisti. Nenhuma câmera captará isso.

Eu sei que o tempo vai tratar de tornar a vista do meu guri mais dura, infelizmente. Além disso, logo logo ele não se lembrará que olhou as coisas desse jeito, porque assim é a vida.

Já eu, se Deus quiser, ficarei velho e, quando um filme dos dias passar diante de minhas retinas cansadas, ainda terei comigo o olhar do menino Murilo.

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