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Avistando esse cenário dá para perceber que, de certa forma, o Inter me emburrece e me leva pela mão às cavernas. Eu sei, inclusive, compreendo se me verem dessa forma. O Inter me faz beber e parar de beber. O Inter me tira do sério. É uma marca de nascença que trago exposta. Mas eu não sinto dor. Eu não sinto nada. O Inter é uma paixão cega e inexorável. E eu só me acordo para isso quando o Inter perde.
Quando não há mais prorrogação possível. Quando a pena é inevitável. Quando os refletores se apagam e os portões do Beira-Rio se abrem, convidando todos a se retirarem.
Eu sou mais colorado quando vejo ou faço parte de uma multidão vermelha em prantos, de cabeça baixa, seguindo em procissão pela avenida Padre Cacique para sei lá onde. Eu acabo torcendo mais para o Inter quando os deuses do esporte estão surdos para todas as preces que vêm do Sul. Alguns podem achar que tudo isso não passa de tolice. Mas nas minhas últimas horas e na minha autópsia o Inter estará presente. Será o meu, mas não o fim do Inter, pois outro alucinado como eu nascerá com a mesma sina. E assim o Inter seguirá.
Por que ele é uma praga que se alastra, uma peste tenebrosa. O Inter, na realidade, não é um time de futebol, é um sentimento absurdo. E a essa altura, perdido nesse devaneio, você deve estar se perguntando: que sentimento é esse afinal? Eu suspeito de alguns, até desconfio que seja amor ou algo que o valha. Porém, amor é muito pequeno para descrever.