terça-feira, 7 de outubro de 2014

Mandíbula - poema de O Ano dos Mortos

MANDÍBULA

Sua fome era tanta
Esqueceu do dia
da vida
Sentou à mesa posta
Rezou como se fosse noite de Natal
Chocou-se
Pela nonagésima vez
Sua família
Sua visita
Seu cachorro
Seu cristo em madeira feito à mão
Não rezavam consigo
Só sua mandíbula
Fora do lugar
Rangia
Lutando contra a dura carne
Contra o que restou do almoço
Contra o que restou
Contra a carne de pescoço
Contra tudo e todos
Lutou enquanto rangia

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Poema de O Ano dos Mortos, livro ainda inédito, com previsão de publicação para este ano, pela Bartlebee Livros.

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