Tive um amigo que tinha ódio de morte do cantor Roberto Carlos. Imperialismo norte-americano. Rede Globo. Alienação. Baixa cultura. Era daí pra baixo as críticas e apontamentos ao filho ilustre de Cachoeiro do Itapemirim.
E assim foi por anos e anos. Até que sua mamãe querida completou mais uma primavera. A grande família se reuniu. Vizinhança também. Festa surpresa. E naquele tempo, uma das maneiras de surpreender alguém era contratar um carro de mensagem para o evento.
Pois bem. O veículo apontou na esquina com suas cores e luzes espalhafatosas. O locutor declamava versinhos de cartão de aniversário e outras frases de efeito. Até que tocaram os primeiros acordes de uma música.
"E essa canção é uma homenagem dos seus filhos e netos para você...".
O Rei entrou rasgando o ar com sua voz doce, com sua força estranha, afirmando o óbvio, o ululante, o simples, o universal e o necessário:
Eu tenho tanto pra te falar / Mas com palavras não sei dizer / Como é grande o meu amor por você
Olhei de canto de olho para meu amigo, prevendo alguma desaprovação. E ele, de fato, estava um tanto desconfortável. Mas era totalmente compreensível, afinal, não deu pra segurar a enxurrada de lágrimas.
São tantas emoções...
Nenhum comentário:
Postar um comentário