quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Nem tudo já foi escrito

Provavelmente, tudo já tinha sido escrito quando Sérgio Bittencourt compôs Naquela Mesa. Assim ocorreu quando Nelson Gonçalves cantou seus versos. E também foi dessa forma quando eu a ouvi pela primeira vez.

"Eu não sabia que doía tanto / Uma mesa num canto, uma casa, um jardim / Se eu soubesse o quanto dói a vida / Essa dor, tão doída / Não doía assim".

Só Deus sabe o quanto me tocou fundo cada palavra. Eu sei bem, que nada mais se cria. Tudo se copia. É o que dizem. E, portanto, a criação não faz mais tanto sentido hoje. Contudo, ainda consigo sentir uma certa surpresa diante de muita coisa por aí.

Talvez, seja um dos motivos de escrever. Porque o papel aceita tudo, óbvio. Mas porque há um tanto de ingenuidade e ignorância diante do mundo. Ainda vi muito pouco. 

A versão de Naquela Mesa, que me refiro, é de um disco de 1974. Dez anos antes do meu nascimento. E se apresentou como uma novidade em algum momento de minha vida. E me fez lembrar de amores e pessoas que não voltam mais.

Esse espanto, essa saudade e esse medo do futuro puxam uma frase de alguma gaveta da memória, que leva a outra frase. Uma cadeia de sentidos se forma e tudo se torna inevitável. 

É preciso contar. Como tantos outros já contaram, eu sei. Até o ponto final.

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