Um dia
Tudo será memória.
As pessoas que andam naquela rua
As gentis, as sábias, as más
Todas, todas serão memória
O mendigo que passa sem o cão
O ginasta, a mãe, o bobo, o cético, a turista
Deus, inclusive, regendo o fim das coisas memoráveis
Também será memória
Deus e os pardais.
Os grandes esqueletos do museu britânico
E todo sofrimento serão memória.
Eu, sentado aqui
Serei só esses versos
Que dizem haver um eu sentado aqui
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Poema de Antônio Brasileiro, publicado no livro Pequenos Assombros (1998).
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