quinta-feira, 7 de maio de 2020

A voz do Rio Grande - José Claudio Machado

1948 - 2011
Aos 58 anos, José Cláudio Machado é um dos grandes nomes do nativismo. Foi o vencedor da Califórnia da Canção Nativa de 1972, com Pedro Guará, e levou Os Serranos a conquistar o Disco de Ouro em 1986. Dez anos depois, gravou o ótimo CD Milongueando Uns Troços, com Bebeto Alves. Em 2004, revisitou sua carreira no DVD No Meu Rancho, gravado no sítio em Guaíba onde o compositor mora há mais de 20 anos.

Qual a sua lembrança de infância mais remota?

Quando eu tinha uns 10 anos e montava em um petiço. As senhoras que tiravam leite lá fora, em Tapes, pediam para montar no petiço para buscar as vacas.

Qual seu maior ídolo na adolescência?

Eu gostava muito do Teixeirinha, porque é uma pessoa que marcou época. Fora da música, gostava do ator Roy Rogers. Na política, o nome mais forte era Getúlio Vargas.

Onde passou férias inesquecíveis?

As férias que passei em São Lourenço, na casa de meu irmão, Nilton Roberto Machado, há uns quatro anos. É o meu único irmão (ele tem mais três irmãs). Ele é marinheiro e passa mais tempo no mar do que em terra.

Qual sua idéia de domingo perfeito?

Estar em casa com minha família e poder fazer um churrasco. A carne que eu gosto é de costela da ripa e carne de ovelha. Tendo ovelha é especial.

O que faz para espantar a tristeza?

É difícil espantar. Tu só espantas quando tu vês um amigo. Conversando com amigos a gente espanta a tristeza.

Que som acalma você?

Uma música gaúcha de bom nível. Na verdade, pode ser de qualquer gênero, mas tem de ter bom nível.

O que dispara seu lado consumista?

Carne. Chego no açougue, vejo um pedaço de carne, tenho de comprar, não me seguro. E tem um detalhe: como pouca carne. Eu guardo no freezer e ofereço para as minhas visitas.

Qual a palavra mais bonita da língua portuguesa?

Tem tantas, mas acho que amor, porque amor é tudo, é respeito, é carinho é paixão, é amizade.

Que livro você mais cita?

Sidarta, de Hermann Hesse.

Que filme você sempre quer rever?

Gosto de filme de faroeste e musical, mas não dá para citar um em especial.

Que música não sai da sua cabeça?

Milonga Abaixo do Mau Tempo. Estou sempre pensando nela porque, se facilitar, esqueço um pouco do trecho e isso fica feio em um show.

Um gosto inusitado.

Volta e meia eu vestia uma calça e saía de calça e sapato, o que é fora do meu dia-a-dia. A calça é mais cômoda do que a bombacha, porque com ela não preciso andar de bota.

Um hábito de que você não abre mão.

Tenho mania de, ao acordar, sentar na cama e ficar um tempo pensando. Também tenho mania de pontualidade.

Um hábito de que você quer se livrar.

O meu cafezinho de manhã e o meu cigarro. Estou tentando me livrar.

Um elogio inesquecível.

Aquele crítico de música Fernando Pamplona disse ao Patinete (Ayrton dos Anjos) que um intérprete como eu nascia de cem em cem anos.

Em que situação vale a pena mentir?

A pior coisa que tem é mentir. Quando é de brincadeira até passa, mas a mentira nunca vai adiante.

Em que situação você perde a elegância?

Procuro me controlar ao máximo. É difícil. Só se a pessoa me agredir fisicamente.

Em que outra profissão consegue se imaginar?

Vejo-me como um mecânico. Até sei alguma coisinha. Dá para o gasto.

O que estará fazendo em 10 anos?

Só Deus sabe.

Eu sou...

Uma pessoa comum, que gosta de cantar.

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Entrevista publicada originalmente em Zero Hora, em 23 de dezembro de 2007. 

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