segunda-feira, 29 de julho de 2019

O Guri e a Mendiga


Fim de semana é de lei. Pego meu guri, o Murilo, coloco na motoca e vamos circular pelo bairro. Pegar Sol, ver coisas diferentes, bichos, árvores, gente. Quem cruza nossa caminhada dá um sorriso, puxa uma conversa. O gurizinho geralmente não dá atenção aos desconhecidos simpáticos. Prefere interagir com cachorros, folhas de árvores ou sacos plásticos.

Dessa vez, estávamos na avenida Protásio Alves e uma mendiga escalavrada, fedendo, fumando bituca nos parou. Por mera educação, parei também.

- Que lindinho! – ela disse.

Sorri sem jeito. A mulher não teve coragem de se aproximar ou tocá-lo. Murilo abanou, bateu palmas e falou algo em sua língua de pequeno selvagem. Tudo ao mesmo tempo.

A mendiga riu com sua boca em frangalhos e seguiu, caminhando de ré, olhando o guri e abanando de volta. Continuamos pela avenida e Murilo foi mais uns metros da mesma forma: se despedindo da mulher.

Eu pensei, "tadinho, ainda não sabe nada da vida". Mas, ao longo do caminho, tive a impressão que nós, os adultos, que sabemos cada vez menos.

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