terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Felicidade é Bem Mais - Uma Espécie de Samba


Uma espécie de samba
Felicidade é bem mais
É coisa que nem sei
Se ela fosse um samba
Seria difícil de cantar
Mas não custa
A duras penas, tentar
Encontrar a felicidade
A verdade é que não se sabe
Onde ela está
Num sonho, num lugar?
Ou dentro da gente?
Onde a dor também se esconde
E se sente
Não é só mostrar os dentes
E fingir tão bem
Parecer contente
Esbanjando o que não tem
Felicidade é bem mais
É coisa que nem sei

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Top 10 Músicas de Pais e Filhos


Algumas são explícitas relações entre pais e filhos. Outras, não.


Lady Laura (Roberto e Erasmo Carlos) - Roberto Carlos

"Quando eu era criança podia chorar nos seus braços / E ouvir tanta coisa bonita na minha aflição/ Nos momentos alegres/ Sentado ao seu lado, sorria/ E nas horas difíceis podia apertar sua mão"

Naquela Mesa (Sérgio Bittencourt) - Nelson Gonçalves

"Naquela mesa tá faltando ele / E a saudade dele tá doendo em mim"

Poema (Cazuza e Frejat) - Ney Matogrosso

"Porque o passado me traz uma lembrança / Do tempo que eu era criança/ E o medo era motivo de choro/ Desculpa pra um abraço ou um consolo"

Minha História (Lucio Dalla e Paola Pallottino, versão Chico Buarque) - Chico Buarque

"E por não se lembrar de acalantos/ A pobre mulher me ninava cantando cantigas de cabaré"

Ovelha Negra - Rita Lee

"Foi quando meu pai me disse / Filha, você é a ovelha negra da família"

Tocando em Frente (Almir Sater e Renato Teixeira) - Almir Sater

"Penso que cumprir a vida seja simplesmente / Compreender a marcha e ir tocando em frente"

Sol de Maria - Gilberto Gil

"Que o mundo seja bom / Que o mundo seja bom pra nós / Seus pais, seus tios, seus primos, avós e bisavós / Que o mundo seja o que deseja a sua geração / Todos que estão aqui e mais todos os que virão"

Avôhai - Zé Ramalho

"Um velho cruza a soleira de botas longas, de barbas longas / De ouro o brilho do seu colar / Na laje fria onde quarava / Sua camisa e seu alforje de caçador/ Oh meu velho e invisível, Avôhai!"

Espelho (João Nogueira e Paulo César Pinheiro) - João Nogueira

"Num dia de tristeza me faltou o velho / E falta lhe confesso que ainda hoje faz / E me abracei na bola e pensei ser um dia / Um craque da pelota ao me tornar rapaz / Um dia chutei mal e machuquei o dedo / E sem ter mais o velho pra tirar o medo / Foi mais uma vontade que ficou pra trás"

De Janeiro a Janeiro (Roberta Campos) - Roberta Campos e Nando Reis

"Mas, talvez, você não entenda / Essa coisa de fazer o mundo acreditar / Que meu amor, não será passageiro / Te amarei de janeiro a janeiro / Até o mundo acabar"

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Um Gato que se Chamava Rex no Jornal de Alagoas




Tem resenha de Um Gato que Se Chamava Rex no Jornal de Alagoas, coluna do escritor Adalberto Souza.

"A grande moral da bela fabula escrita por Lucas Barroso é o reconhecimento e o respeito às diferenças, as idiossincrasias de cada um. Ver o outro sem preconceito, e mais ainda mostrar para a criançada que somos todos iguais".

Link - https://goo.gl/56Ei74

domingo, 13 de janeiro de 2019

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Esse Tempo Não foi Feito pra Mim - José Cândido de Carvalho


Texto de abertura do livro Um ninho de mafagafes cheio de mafagafinhos (Contos, Editora José Olympio, 2011). Uma breve autobiografia de José Cândido de Carvalho.

(...)


Quanto à ficção, é mato brabo no qual rarissimamente circulo, temente que sou de mordida de cobra e dente de lobisomem. Vejam que não exagero. Publiquei o primeiro livro em 1939, e o segundo, precisamente 25 anos depois. Entre Olha para o céu, Frederico! e O coronel e o lobisomem o mundo mudou de roupa e penteado. Apareceu o imposto de renda, apareceu Adolf Hitler e o enfarte apareceu. Veio a bomba atômica, veio o transplante. E a lua deixou de ser dos namorados. Sobrevivi a todas essas catástrofes. E agora, não tendo mais o que inventar, inventaram a tal poluição, que é a doença própria de máquinas e parafusos. Que mata os verdes da terra e o azul do céu. Esse tempo não foi feito pra mim. Um dia não vai haver mais azul, não vai haver mais pássaros e rosas. Vão trocar o sabiá pelo computador. Estou certo de que esse monstro, feito de mil astúcias e mil ferrinhos, não leva em consideração o canto do galo nem o brotar das madrugadas. Um mundo assim, primo, não está mais por conta de Deus. Já está agindo por conta própria.

Niterói, setembro de 1970.

José Cândido de Carvalho


(...)

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

O Limo dos Dias



As idéias surgem. Tomo nota. Jogo-as num canto. Não tenho ânimo para desenvolver nada. Tudo o que concluí, o que pretensiosamente chamo de "obra", não obteve alcance ou repercussão. Serviu para quê? E, afinal, para que serve um artista senão para receber aplauso ou vaia? A irrelevância e a indiferença maltratam a alma. Contudo, são um sinal.

Uma jornalista, crítica literária, foi enfática em relação a isso. Disse assim aos autores que clamam por visibilidade: se ninguém afirmou que você escreve bem, é porque você escreve mal. Eu, sinceramente, acreditava que esse conceito de bom e ruim fosse subjetivo, algo que levasse em conta a bagagem cultural de quem avalia. Entretanto, não é. A jornalista tem razão.

Acontece que toda pessoa medíocre tem uma desculpa. A subjetividade acaba sendo uma bengala confortável, nesse imenso desconforto de pessoa manca que é produzir Arte. Em vez de "desconforto de pessoa manca", pensei em descrever uma doença grave, porém, creio que não chega a tanto.

Se há um monstro nessa história, é o da expectativa. O monstro é alimentado cegamente pelo ego. O monstro, esse ser desfigurado e, ao mesmo tempo atraente, nos engana e nos leva pela mão. Junto dele, damos uns passos (mancos) para lugar nenhum. No caminho, sequer há uma encruzilhada, onde a dúvida possa servir de estímulo. O horizonte é só uma terra plana, sem obstáculos e placas, com possibilidades ilusórias para andar e seguir em frente. Mas isso não significa que haja um destino. Pelo contrário. Não há. Então, qual o motivo?

Não há respostas para essa questão. Só há o consolo que a vida continua. O consolo sempre é um clichê, como a posteridade e a glória. Talvez, tudo não passe de um exercício para tapar o buraco dos dias. 

E assim já não tenho tempo para meu melhor amigo. Nessa hora, deixo a Literatura para trás, e retomo o que realmente interessa. Imagino que ele deva estar sentindo a mesma saudade que sinto. Não poderíamos conviver para sempre juntos? Lateja devagar. É a dorzinha que a lembrança traz. O que significa a distância e o tempo para uma amizade?

Tenho que conviver com tipos que emitem juízo sobre qualquer coisa que ocorre diante dos seus narizes empinados. Eu queria que eles se calassem. Ou, tivessem a virtude da dúvida. Ou, ainda, fossem mais críticos consigo.

São essas figuras tão previsíveis que me tomaram de assalto, relegando meu melhor amigo a um quase esquecimento. Tem uma música que diz "andei por andar e todo o caminho deu no mar". É isso, não é mesmo?

E todo o resto que circunda esse andar (de manco)? Tem coisas que são da gente. Estão incrustadas, são os limos nas pedras. As ondas e o Sol surgem e somem. O limo persiste. O melhor amigo. A Literatura.

E o que mais?

Até quando?

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Nossos Defeitos


A verdade é que a gente não suporta ver nossos defeitos nos outros.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Fraldas Mais Baratas


Fazíamos cálculos de quanto custaria cada fralda do pacote. O guri balbuciava no carrinho do supermercado, enquanto brincava com uma embalagem de queijo ralado.

Quando uma senhora simpática nos interrompeu.

- Ó, que amor! Como é o nome dele?
- Murilo.
- Quantos meses?
- Oito.
- Eles dão um gasto danado né?
- Com certeza - falamos.
- E sabia que, depois, eles não lembram de nada disso?
- Como assim? - perguntei.

A partir daí, ela trocou de rosto.

- Eles não lembram que a gente gastou o que não tinha, se esforçou, trocou fralda, deu comida na boca. Simplesmente esquecem de tudo. O meu tem 40 anos e ainda tem a petulância de me cobrar! Até hoje me cobra. E ele era um bebezinho assim... Ah, vocês vão ver só!

Ficamos com um sorriso torto, sem saber se devíamos comentar algo. A mulher voltou a parecer simpática, fez um carinho no Murilo e seguiu em direção ao corredor das bebidas.

E nós optamos pelas fraldas mais baratas, claro.