segunda-feira, 16 de abril de 2018

Quatro Casos na Maternidade do Hospital Conceição

Caso 1
Um quarto é dividido por três gestantes. Cada uma tem direito a um acompanhante. Para se acomodar, esse acompanhante, o pai, a tia, a avó, a dinda, etc, tem disponível uma cadeira velha, com o couro escuro completamente corroído pelo tempo.

Nela estava João, o pai, dormindo todo atravessado. Thaís, a mãe, repousava na cama, junto da Thalita, a bebê. Até que uma funcionária da limpeza deixou cair algum objeto pesado no corredor. Era 3h, com o estouro, João se levantou e saiu em disparada.
- O que que houve homem de Deus?! Por que tu saiu correndo?! – perguntou Thaís.
- Achei que fosse um tiro.
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Caso 2
Ela tinha 17 anos e estava no seu segundo filho.
- Por que você não fez pré-natal, Jessica? – questionou a médica.
- Porque eu não queria a criança.
- Qual o motivo de não querer o filho?
- Não sei.
- Ok. Você é usuária de drogas, bebida ou algo do tipo?
- Só fumo cigarro.
- Fumou durante a gravidez?
- Antes, quando eu não queria, eu fumava bastante.
- E depois?
- Daí, eu fumei menos.

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Caso 3
Foi um parto difícil. O diagnóstico dizia que ela teve problemas no útero. Era seu sétimo filho, tinha 42 anos. O nenê, também sofreu um pouco, mas apresentava melhoras. O pequeno estava em observação, em um outro bloco. Enquanto isso, ela ficava no quarto com as demais gestantes. Mexia bastante no celular, trocava mensagens com parentes e fazia caretas de desaprovação. Até que resolveu ligar.

- Paulo, que história é essa de bater na Brenda?

- (inaudível).
- Quer dizer que só porque ela é mais velha que os outros não pode comer bolacha?
- (inaudível).
- Dinheiro pra cachaça tu tem.
- VAI PRO INFERNO!

- Ah, é! Espera eu ganhar alta e tu vai ver só!

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Caso 4
O setor de registro de recém-nascidos tinha uma fila considerável. Em média, em dez minutos, é emitida a certidão de nascimento de uma criança. Alguns pais aproveitam a alta e levam os bebês junto, orgulhosos. Um casal chamava a atenção. Levava no colo um muito maior que os demais.
- Próximo! – disse o atendente.

- Na verdade, eu vim desregistrar esse menino.
- Não entendi, senhor.
- É que eu sou o pai dele. Não a outra pessoa que o registrou.
A mãe balançava a cabeça em concordância com a afirmação.
- Então, o senhor quer alterar a paternidade. É isso?
- Sim. Tô aqui com o DNA para provar. Ó! – e apontou para o papel.
- Mas aqui é só registro mesmo. Para mudar, o senhor vai ter que ir em um Fórum. Na sua cidade tem Fórum?
- Deve ter. Se não tiver, eu dou um jeito. Esse filho é meu.

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