quinta-feira, 29 de março de 2018
No Bar Babilônia
Seu pai havia sumido. Em uma pesquisa rápida pela vizinhança, soube onde ele estava. O nome do bar era Babilônia e dispunha de uma caraoquê para os clientes. O velho estava no pequeno palco. Cantava de olhos fechados. “Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso, porque já chorei demais”.
Segundo o garçom, era a sétima vez que ele escolhia a mesma música.
- Quase sempre é essa. No começo, ele não desafina. Até que canta bem. Mas depois é isso aí.
Esperou seu pai acabar e foi até o palco pegá-lo. Quando reconheceu a figura do filho, o velho se amoleceu, como se estivesse cansado ou doente.
- Vamos embora – disse.
Umas três pessoas bateram palmas, outros se despediram com um até logo. Uma senhora já ocupava o microfone. Tinha voz de fumante e não correspondia ao ritmo da canção. Ela se limitava a declamar “das lembranças que trago na vida, você é a saudade que eu gosto de ter".
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