sábado, 7 de janeiro de 2017
Colega de Trabalho
Ele sempre foi um chato. Um chato extremo. Desses que a única saída, numa conversa, é desligar o cérebro ou buscar pensar em outra coisa, enquanto ele tece suas teses diárias. E como a criatura fala!
Panorama político nacional. Macro economia. Situação atual dos Estados Unidos e Europa. Combates no Leste Europeu e Oriente Médio. Classificação do campeonato. Agenda cultural. Por essas e outras que já não leio os periódicos.
O problema é que não há opções de fuga, porque ele não é de deixar alternativas. Geralmente, tem por hábito embretar o interlocutor no corredor de um metro e meio de largura. Deixando-o impaciente, como um boi antes de acessar a arena - que é qualquer uma das saletas da firma.
Entretanto, nesse calor intolerável que anda fazendo, é uma boa topar com ele. Aturar sua chatice por instantes é refrescante. Pois ele, quando fala, lança uma porção de perdigotos. Tem altura média, cerca de 1.75 m. Então, seus mililitros de saliva alcançam a face de quase todos os interpelados.
Equivale a lavar o rosto antes de iniciar o dia de trabalho.
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