terça-feira, 8 de setembro de 2015

Toda Aquela Inevitável Pressa De Te Dizer Nada, de Adalberto Souza - Uma Apresentação


Tive o prazer de fazer o texto de apresentação do mais recente livro do poeta Adalberto Souza, Toda Aquela Inevitável Pressa De Te Dizer Nada (Buqui, 2015). Ele é de Maceió, autor de "Contando Solidões”, “Fantasmas não andam de montanha russa” e do premiado “Das coisas que esquecemos pelo caminho”, Prêmio Lego (UFAL/2011).

Abaixo, o texto que montei após ler o livro em primeira mão.


O título, Toda Aquela Inevitável Pressa em Te Dizer Nada, já diz um pouco sobre a essência do mais recente livro de Adalberto Souza. É uma conversa urgente. Um bate-papo necessário entre amigos, que a correria dos dias, muitas vezes, acaba nos sonegando. Então, nada mais lógico que convidar outros escritores-amigos para participar dessa roda. Cada um contribuiu com um verso, que serve como apresentação de um novo capítulo das tantas histórias que Adalberto conta em cada um de seus poemas. 

É um livro escancaradamente íntimo, como toda poesia boa deve ser. Um diálogo com o leitor, que certamente vai se enxergar nas diversas cenas e cenários que o autor constrói. Na solidão e no louvado desespero que ecoam pelas páginas. Na porção de amores não correspondidos. Nos porta-retratos – alguns sem fotografia, emoldurando o vazio. Nas oferendas que o mar não recebeu. Afinal, como ele mesmo diz, “qualquer semelhança com a fantasia será mera realidade”. 

Adalberto Souza tem alguns diferenciais. Só ele junta Madonna e Cauby Peixoto e faz tudo parecer natural. Só ele dança valsa em pleno carnaval pernambucano sem parecer ridículo, porque ele percebe e cata o erudito de tudo que está em nossa volta. Inclusive, das coisas aparentemente pequenas, como um pedaço de Bombril na antena da televisão. Seria para melhorar a imagem do mundo? Ou para ver a fantasia melhor? Adalberto sabe que poesia é olhar. Poesia é desformatar o olhar. Simples assim. Se você chegar bem perto dos versos, aposto que vai escutar até o que ele não disse.

Entretanto, esse exercício está longe de ser algo fácil de colocar em prática. Adalberto caça palavras, busca a certa e faz música, crônicas, frases de para-choque de caminhão, obituários e, se nada der certo, ele vai até o setor de achados e perdidos da Rodoviária. Lá, entre trecos inúteis de uma utilidade urgente, alguém certamente deixou um belo verso pra trás. E poesia é isso: essa arqueologia do banal, do corriqueiro. 

Poesia, meu amigo, é o que Adalberto sabe fazer. 

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O livro tem 121 poemas. Separei dois. 

25

Sua vida
é uma
obra
de
ficção.

Qualquer
semelhança
com
a
fantasia
será
mera
realidade.



78

Transitava
entre
gêneros
literários.

Dizia
ser
poeta,
mas 
escrevia
somente
obituários.


Mais informações no site da editora - www.buqui.com.br.

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