Comecei numa creche municipal de praça e segui pelo primeiro e segundo graus em escolas públicas. Por que na hora de alcançar o ensino superior eu fui barrado? Volta e meia, quando leio, ouço ou vejo debates sobre Educação, penso nisso. Penso na minha trajetória. Os vestibulares das universidades públicas são um filtro absurdo, que só excluem seus próprios alunos.
Não fiz cursinhos pré-vestibulares. Simplesmente saí do Colégio José Cândido de Godói e tentei fazer uma prova, com muitos temas que não me foram apresentados. Não fui aprovado, como era de se esperar. Como não teria tempo, nem condições financeiras de insistir na universidade pública, encontrei a Unisinos. Um ótimo ambiente, onde conheci grandes professores e amigos. E há seis anos me formei em Jornalismo. O curso, para mim, durou sete anos e meio.
Volto ao tema. Será que, desde minha época, alguma coisa mudou? Sei que há incentivos, financiamentos, bolsas, cotas, etc, mas, segundo acompanho, segue muito difícil o acesso ao ensino superior. Na minha cabeça, estudar em uma universidade não era pra ser nada de outro mundo. Não deveria ser necessária tanta superação para conseguir um diploma. Porém, parece que suar para se qualificar, para adquirir conhecimento, é uma cultura nossa, é algo que está enraizado no país.
Não sei o que fazer. Não tenho a pretensão de apontar soluções. Imagino que o Brasil deveria – ou melhor, a sociedade deveria – levar isso a sério, pois os jovens querem estudar. A Constituição de 1988 garante apenas – e aqui vai o apenas, porque já não é mais necessário para o mercado de trabalho – o ensino fundamental a todos. Mas a Constituição, como disse, é 1988...
Penso que os alunos do ensino público deveriam completar o segundo grau e ter sua vaga garantida em uma universidade pública. Sei, também, que isso soa como uma utopia. E realmente é, porque falar de ensino do Brasil é sempre uma utopia.
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