Seis horas da manhã em um puteiro. Certamente, é um dos lugares mais tristes para se estar. Não há mais nada a fazer. As máscaras caíram. O tempo de fingimento acabou. Cada vez que a porta abre para alguém sumir, uma nesga de Sol invade de leve o ambiente. Uma sensação estranha, sem dúvida. Para completar, o disc jockey tocou Do You Wanna Dance, de Johnny Rivers.
Eu estava sentado em silêncio com uma funcionária da casa e apenas um casal teve a decência de se levantar e dançar. Os garçons recolheram as mesas como eles não existissem. Era uma cena interessante.
Quase a perdi, pois um fotograma da minha vida passou. E tudo que eu poderia ter sido me assombrou um pouco. Entulhos de memórias me soterraram. Fugi desse pensamento – como sempre faço – e me fixei no casal, outra vez.
Imagino que, horas antes, ambos tinham interesses bem definidos. Imagino, também, que alcançaram suas metas para a noite. Agora, restava apenas serem sinceros. Eu podia jurar que aquele abraço – e aquele um pra lá, um pra cá – tinha uma conotação de carinho. E aqueles olhos fechados esperavam que a canção não terminasse nunca mais.
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