sábado, 4 de janeiro de 2014

Força centrífuga

Viajar pra Europa não vai te salvar. Nem te tornar uma pessoa melhor. Viajar para a Europa não vai cobrir para sempre o vazio. Nem vai te socorrer dessa mar revolto. Se você soubesse. Se você tentasse entender. Veria que não há solução. Eles querem te enganar. Eles fazem de tudo para te iludir. E os dias acabam pesando. Você, então, senta e espera. Os ponteiros não dão uma volta e você já quer fugir outra vez. Mas, agora, a Europa já não existe. Agora, a Europa não tem mais graça alguma. São só estátuas idiotas e velhas. São apenas demarcações de territórios. A próxima fuga tem de ser de verdade. Não há tempo a perder. Você só quer uma resposta antes de ir embora. Uma pista já bastaria. Mas todos são novos no bairro e ninguém consegue te mostrar o caminho. Você retorna pra casa. E só o ato de abrir a porta, a essa altura, acaba sendo um sinal de desespero. Eles estão na sala, fingindo que nada aconteceu. Mas você sabe. Aliás, a única coisa que você sabe é que as certezas não passam de convicções tolas. O quarto ainda está do jeito que você deixou. O ponteiro, enfim, completou uma volta.