"Tudo aquilo que ela precisava era da certeza do amor dele, e da sua garantia que não havia pressa, pois tinham a vida pela frente. Amor e paciência – se pelo menos ele tivesse conhecido ambos ao mesmo tempo – certamente os teriam ajudado a vencer as dificuldades. E que dizer das crianças que poderiam ter tido, e da menininha com um arco no cabelo que poderia ter se tornado sua filha querida? É assim que todo o curso da uma vida pode ser desviado – por não se fazer nada".
Esse trecho de Na Praia (2007, Companhia das Letras), do Ian McEwan, diz muito sobre o que é a obra. Uma belo livro. Tocante, singelo, melancólico. Um retrato da vida a dois, dos medos e desejos contidos. De tudo que trazemos conosco. De tudo que esperamos fazer e, muitas vezes, não fazemos. Se passa na época de 60, mas é apavorantemente atual. Depois de ler, fica aquele gosto de que as histórias de um casal não mudam. Por mais que passem os anos, mantemos as mesmas dúvidas e receios. E acabamos ficando sempre com aquela sensação de nunca sair do lugar.