terça-feira, 13 de outubro de 2020

Toda vez que a tristeza me alcança o menino me dá a mão*


Com dois anos e meio, a pessoa começa a ter vontade própria. Hoje, meu filho escolheu a roupa, uma camiseta do Homem-Aranha, e pediu para ir pra praia. Mas praia não há em Porto Alegre.

- Pode ser ir pra rua? – perguntei.

- Rua!

E saímos. Já na primeira quadra, o mesmo mendigo de sempre. Sentado. Sentado não, escorado. Completamente bêbado. O guri breca e dá oi. O mendigo retribui e comenta que o tempo está bom para um passeio. Ambos dão risada e falam coisas meio incompreensíveis. Eu dou um leve empurrãozinho em meu filho, que entende o sinal e acena com um tchau para o mendigo.

- Tchau pra ti também, amiguinho! Pô, tu foi a primeira pessoa que me cumprimentou hoje.

São 13h30. O sol a pino. Duas quadras pra frente, meu filho pede colo. Quer voltar pra casa. Tem fome e quer um chocolate, porque com dois anos e meio a pessoa começa a ter vontade própria.

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*O título faz menção ao clássico Bola de meia, bola de gude 

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