segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Feira do Livro - Da Calçada à Praça de Autógrafos


Relato do escritor e jornalista Jeison Karnal.

Parece um guru, em seu tapete. E é. Mas tem que estar preparado para seu livro cheio de sabedoria urbana suja, Pereices, em "Um Silêncio Avassalador". Não há respostas para o mundo contemporâneo. Só perplexidade. Só angústia. Palavras sempre em confronto com a mudez. Dia 14, Barroso vai à feira. Ano passado foi no chão mesmo, numa esteira de praia, um amor puro e sujo ao mesmo tempo. Quem ainda não descobriu a Literatura dele precisa sair dos círculos de canapés, k-sucos de morango e auto-elogios dos "clubes de mágica para burgueses iniciados" e se reconectar com a feitiçaria vodu, da escrita do mundo que não basta, da batalha perdida sempre inútil e valorosa. Lucas Barroso chegou à Feira. Deve estar feliz, tomando uma cachacinha. Merece. Mas sei que está cagando para isso. O sucesso é uma fraude, uma armadilha do ego. só a Literatura visceral busca o homem/mulher sem as camadas de verniz. Só ela nos ofende e nos põe para cavocar a contradição de ser feliz e nada ao mesmo tempo. Não lemos para nos perder, todos já estamos em uma batalha perdida. O silêncio sobre o que nos fere é avassalador. Estamos narcotizados. Por isso temos medo dos bons livros. Eles são como baionetas em nossas costas nos fazendo andar.

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