sábado, 20 de agosto de 2016

Eu Falei que Vivo de Literatura


Eu falei que vivo de Literatura.

Ele retrucou, dizendo que sou jornalista, que meu salário é que paga minha casa, me dá comida e bota gasolina em meu carro.

Eu falei, de novo, que vivo de Literatura.

Ele retrucou, outra vez, dizendo que eu bato ponto e que tenho compromisso de 40 horas semanais. Pediu, com graça, que se eu tivesse dúvida, olhasse minha carteira de trabalho e confirmasse o que ele dizia.

Eu insisti que vivo de Literatura.

Ele fincou pé, dizendo que ninguém sabe quem eu sou. Não há retratos meus em jornais. Também não há nada que comprove minha existência em livrarias.

Eu falei o que ele já sabia. E acrescentei: suas dúvidas bestas sobre minha pessoa serviriam de Literatura.

Porque eu vivo, sim.

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