terça-feira, 19 de abril de 2016

Vento Mistral - Conto Inédito


Tá o ar a Antologia Clint Eastwood. A ideia foi construir uma história, um conto, tendo o ator como mote. Diversos escritores bacanas abraçaram o desafio.

Quem teve a ideia, organizou e mobilizou essa gente toda (de muitas cidades do Brasil) foi o grande Diego Moraes.

Eu tô dentro com o conto Vento Mistral.

Ele era do tempo que velhos jogavam dominó e dama nas praças. Do tempo que velhos ficavam sentados em frente a suas casas, contando o número de pessoas conhecidas que circulavam – e tentando memorizar o nome de todas. Também haviam os velhotes que consertavam coisas – com suas ferramentas gastas –, escondidos o dia inteiro em garagens ou porões abafados. Esses, que eram todos os que ele conhecia, só recebiam o mínimo de atenção em confraternizações aos finais de semana, geralmente, churrascos com a família. Entretanto, não eram interações significativas. Eles ficavam em um canto, recebiam bebidas e eram questionados se estava tudo bem. Quando falavam, os velhos só eram ouvidos em suas primeiras palavras. Depois, a maioria dispersava.

Velhos não chegavam nem perto de completar 85 anos. Por isso, ele estava surpreso nessa manhã. Recordava como viviam os homens e mulheres da sua idade em “seu tempo” – ou, melhor dizendo, a época quando ele era jovem. Porém, o mundo mudou um bocado e ele tinha uma importante reunião de trabalho agendada dali a poucas horas. Estava orgulhoso. Afinal, ele, de forma instintiva, ajudou a modificar o modo como as pessoas encaravam os idosos. Sentiu-se lisonjeado por sua luta invisível. Tinha uma bandeira para hastear, mas não tinha um discurso como daqueles ativistas insuportáveis. Durante esse devaneio matinal, chegou o termo que tanto buscava: útil. Diria, sem sombra de dúvida, que ainda era de serventia para algo. Um velho útil.

Clique no link e leia o resto da história - https://antologiaclint.wordpress.com/2016/04/19/vento-mistral/

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