Eu já estava vestido com meu abrigo velho do Inter, aquele surrado que uso para ficar em casa, antes de dormir, quando as vizinhas começaram, outra vez, uma festinha. Dia de semana. De manhã cedo, tenho que sair para trabalhar.
Talvez, não consiga pegar no sono. Sinal de que estou ficando velho. Faz pouco tempo, não acordava nem com tiro, briga, festa, o escambau. As vizinhas, duas irmãs de 18 e 20 poucos anos cada, estão sozinhas em casa. “Elas estão certas, deixa aproveitarem”, eu diria se me perguntassem. Afinal, qual o problema?
Os amigos chegaram e logo logo começou uma cantoria. Uma disputa de karaokê. A essa altura, sei que não vou dormir mais. Sirvo uma dose e abro a janela. Não há cheiro de maconha e pelas vozes, que tomam conta de toda a rua, ninguém parece bêbado. Por consequência, não há sinal de sexo. Esses jovens andam estranhos...
E eu não consigo parar de rir deles – e um pouco de mim, lógico. Estou ficando velho. Não pego mais no sono tão fácil.
Amanhã, vai ser barra.