sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Aspas

Separei algumas declarações que li nesses dias. A pauta é literatura, lógico.


"No ano passado, por exemplo, eu estava sem dinheiro para pagar o aluguel e o seguro de saúde, no mês de setembro, porque o pagamento dos trabalhos que fiz em agosto não saíram na data prevista e, como sou uma celebridade literária internacional, tive que ir a Budapeste e à Feira de Frankfurt e eu estava muito feliz por estar indo a Budapeste e a Frankfurt e Berlim, ler meus textos, fazer umas performances muito loucas experimentais transgressoras de vanguarda, voltadas para o meu próprio umbigo e para uma meia dúzia de colegas escritores. Mas eu fiquei muito preocupado com dinheiro, que é a coisa mais importante que existe, economizando a ajuda de custo para pagar o aluguel, para não entrar no cheque especial, nem ter que pedir dinheiro para o meu pai, ou para minha mãe, o que é um negócio meio humilhante para uma celebridade literária internacional de 50 anos de idade".

André Sant'Anna, escritor (http://oglobo.globo.com/cultura/livros/andre-santanna-as-coisas-nao-sao-bem-assim-13541352#ixzz39v7qIvWB)

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"Livro é barato. (...) Caro é o direito autoral, se baixar o direito autoral para 5% vai baratear".

Ivan Pinheiro Machado, editor e dono da LPM (http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/noticia/2014/08/ivan-pinheiro-machado-pessoas-que-criam-ideias-para-livros-digitais-nao-entendem-de-cultura-4571719.html)

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“Tenho que mudar meu modo, minha dinâmica… ter menos ansiedade… porque a verdade é que não tenho mais condições de viver como eu vivo… só da ficção que eu escrevo e das palestras que dou… tive meu momento, um tempo em que o sonho funcionou, foi bacana, mas é hora de articular um plano B”. 

Paulo Scott, escritor (http://www.posfacio.com.br/2014/08/07/paulo-scott-esta-cansado/)

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"O crítico, ao menos dentro das condições do presente, enfrenta e produz alguns problemas, vejamos: (1) se ele escreve a favor de determinado autor – ou seja, diz bem do seu trabalho, livro, poema, etc – não faz bem porque poucos sabem escrever “a favor” (sem tropeçar no compadrio) hoje em dia. De outra parte, essa ideia de “coletivo de escritores” reduz o “a favor” a um vergonhoso estilo laudatório que preserva mais o sujeito que elogia do que o elogiado, pois no momento seguinte o objeto dos confetes lançados terá de retribuir o gesto na mesma moeda. Escrever “a favor” (e as condições momentâneas apontam para isso) é quase sinônimo de relação corruptora.

E (2) se o crítico escreve contra, ele é um filho da puta (com o perdão da expressão, culto leitor) porque esse “coletivo de escritores”, todos eles conectados graças às redes sociais, esse coletivo de ativistas, forma um campo benfazejo onde se prosperou a ideia – inclusive para que ninguém sofra um surto psicótico – de que não existem mais bons nem maus escritores. O que importa é participar; ser um representante desse coletivo".

Ronald Augusto, escritor, crítico e músico (http://www.sul21.com.br/jornal/o-ambiente-literario-e-a-inexistencia-da-poeta-que-era-mulher-de-verdade/)

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“Tenho folgado em saber que uns tantos escritores percebem vida literária além da autoficção, que tanto caracteriza a literatura brasileira contemporânea. No exterior, agentes e editores me perguntam quando nossa produção literária vai apresentar histórias que não envolvam almas torturadas de narradores com bloqueio de criação, mergulhados em relações perversas, em cenários de grandes metrópoles, narrativas que buscam sistematicamente diluir sinais de brasilidade.”

Luciana Villas Boas, agente literária (http://www.musarara.com.br/tres-notas)

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"Nasci para professor. Quero ensinar até o que não sei". 
"Graciliano é muito limitado. A crítica confunde pobreza com poder de síntese".

Oswald de Andrade, escritor (http://www.revistabula.com/960-ultima-entrevista-oswald-andrade/)