terça-feira, 19 de agosto de 2014
Virose no Jornal A Tribuna
Saiu no jornal A Tribuna de hoje, uma crítica sobre meu romance de estreia, Virose. O texto é de Alfredo Monte, que é professor (doutor pelo Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da USP) e também colabora com A Folha de São Paulo.
Separei uns trechos:
"Um homem é assassinado numa pizzaria, crime encomendado por sua companheira; um entregador com um membro de 30 cm, que nunca conseguira ereção com mulher alguma, encontra o amor com uma solitária, excessivamente dedicada ao trabalho secretária obesa; o funcionário de uma empresa de energia tem de cortar o fornecimento de uma família, da qual o pai não consegue parar em emprego, a mãe se chapa com medicações tarja preta e o filho fica diante da tela da tevê o dia inteiro; um velho funcionário subalterno, num daqueles periódicos “choques de gestão” (ou reengenharia, ou qualquer modismo do tipo), é cortado do quadro da empresa, pira e chacina os seus antigos chefes, reunidos numa confraternização; um magnata da área da informática, famoso pela filantropia, é o chefão do submundo da destinação ilícita do lixo; um vírus apelidado de “gripe suína” transforma-se numa pandemia mortífera, alastrando-se pelo território do país…"
(...)
"Assim como outros jovens escritores (como Javier Arancibia Contreras e Vinícius Jatobá), ele revitaliza os veios do expressionismo e do existencialismo; grosso modo, o mal-estar que envolve estar vivo numa sociedade tão desigual. Afinal, como desabafou seu conterrâneo Antônio Xerxenesky (cujo F comentei semana passada): “Depois de muito ter chafurdado na metaficção, deixei de lado esses recursos (…) Essa coisa de ficar escrevendo sobre o ato de escrever cansa – e muito!”. Já era tempo. Acredito piamente que Deus tem um plano para Lucas Barroso como escritor".
No Monte de Leituras (do Alfredo Monte), dá pra ler o texto completo e outras resenhas. Inclusive, quem gosta de literatura tem que acompanhar o blog.
Clique aqui e leia o texto completo
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Virose no jornal Metro - http://lsbarroso.blogspot.com.br/2013/12/virose-no-jornal-metro.html
Minha entrevista no programa Tons e Letras - http://lsbarroso.blogspot.com.br/2014/02/minha-entrevista-no-programa-tons-e.html
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
Aspas
Separei algumas declarações que li nesses dias. A pauta é literatura, lógico.
"No ano passado, por exemplo, eu estava sem dinheiro para pagar o aluguel e o seguro de saúde, no mês de setembro, porque o pagamento dos trabalhos que fiz em agosto não saíram na data prevista e, como sou uma celebridade literária internacional, tive que ir a Budapeste e à Feira de Frankfurt e eu estava muito feliz por estar indo a Budapeste e a Frankfurt e Berlim, ler meus textos, fazer umas performances muito loucas experimentais transgressoras de vanguarda, voltadas para o meu próprio umbigo e para uma meia dúzia de colegas escritores. Mas eu fiquei muito preocupado com dinheiro, que é a coisa mais importante que existe, economizando a ajuda de custo para pagar o aluguel, para não entrar no cheque especial, nem ter que pedir dinheiro para o meu pai, ou para minha mãe, o que é um negócio meio humilhante para uma celebridade literária internacional de 50 anos de idade".
André Sant'Anna, escritor (http://oglobo.globo.com/cultura/livros/andre-santanna-as-coisas-nao-sao-bem-assim-13541352#ixzz39v7qIvWB)
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"Livro é barato. (...) Caro é o direito autoral, se baixar o direito autoral para 5% vai baratear".
Ivan Pinheiro Machado, editor e dono da LPM (http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/noticia/2014/08/ivan-pinheiro-machado-pessoas-que-criam-ideias-para-livros-digitais-nao-entendem-de-cultura-4571719.html)
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“Tenho que mudar meu modo, minha dinâmica… ter menos ansiedade… porque a verdade é que não tenho mais condições de viver como eu vivo… só da ficção que eu escrevo e das palestras que dou… tive meu momento, um tempo em que o sonho funcionou, foi bacana, mas é hora de articular um plano B”.
Paulo Scott, escritor (http://www.posfacio.com.br/2014/08/07/paulo-scott-esta-cansado/)
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"O crítico, ao menos dentro das condições do presente, enfrenta e produz alguns problemas, vejamos: (1) se ele escreve a favor de determinado autor – ou seja, diz bem do seu trabalho, livro, poema, etc – não faz bem porque poucos sabem escrever “a favor” (sem tropeçar no compadrio) hoje em dia. De outra parte, essa ideia de “coletivo de escritores” reduz o “a favor” a um vergonhoso estilo laudatório que preserva mais o sujeito que elogia do que o elogiado, pois no momento seguinte o objeto dos confetes lançados terá de retribuir o gesto na mesma moeda. Escrever “a favor” (e as condições momentâneas apontam para isso) é quase sinônimo de relação corruptora.
E (2) se o crítico escreve contra, ele é um filho da puta (com o perdão da expressão, culto leitor) porque esse “coletivo de escritores”, todos eles conectados graças às redes sociais, esse coletivo de ativistas, forma um campo benfazejo onde se prosperou a ideia – inclusive para que ninguém sofra um surto psicótico – de que não existem mais bons nem maus escritores. O que importa é participar; ser um representante desse coletivo".
Ronald Augusto, escritor, crítico e músico (http://www.sul21.com.br/jornal/o-ambiente-literario-e-a-inexistencia-da-poeta-que-era-mulher-de-verdade/)
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“Tenho folgado em saber que uns tantos escritores percebem vida literária além da autoficção, que tanto caracteriza a literatura brasileira contemporânea. No exterior, agentes e editores me perguntam quando nossa produção literária vai apresentar histórias que não envolvam almas torturadas de narradores com bloqueio de criação, mergulhados em relações perversas, em cenários de grandes metrópoles, narrativas que buscam sistematicamente diluir sinais de brasilidade.”
Luciana Villas Boas, agente literária (http://www.musarara.com.br/tres-notas)
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"Nasci para professor. Quero ensinar até o que não sei".
"Graciliano é muito limitado. A crítica confunde pobreza com poder de síntese".
Oswald de Andrade, escritor (http://www.revistabula.com/960-ultima-entrevista-oswald-andrade/)
"No ano passado, por exemplo, eu estava sem dinheiro para pagar o aluguel e o seguro de saúde, no mês de setembro, porque o pagamento dos trabalhos que fiz em agosto não saíram na data prevista e, como sou uma celebridade literária internacional, tive que ir a Budapeste e à Feira de Frankfurt e eu estava muito feliz por estar indo a Budapeste e a Frankfurt e Berlim, ler meus textos, fazer umas performances muito loucas experimentais transgressoras de vanguarda, voltadas para o meu próprio umbigo e para uma meia dúzia de colegas escritores. Mas eu fiquei muito preocupado com dinheiro, que é a coisa mais importante que existe, economizando a ajuda de custo para pagar o aluguel, para não entrar no cheque especial, nem ter que pedir dinheiro para o meu pai, ou para minha mãe, o que é um negócio meio humilhante para uma celebridade literária internacional de 50 anos de idade".
André Sant'Anna, escritor (http://oglobo.globo.com/cultura/livros/andre-santanna-as-coisas-nao-sao-bem-assim-13541352#ixzz39v7qIvWB)
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"Livro é barato. (...) Caro é o direito autoral, se baixar o direito autoral para 5% vai baratear".
Ivan Pinheiro Machado, editor e dono da LPM (http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/noticia/2014/08/ivan-pinheiro-machado-pessoas-que-criam-ideias-para-livros-digitais-nao-entendem-de-cultura-4571719.html)
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“Tenho que mudar meu modo, minha dinâmica… ter menos ansiedade… porque a verdade é que não tenho mais condições de viver como eu vivo… só da ficção que eu escrevo e das palestras que dou… tive meu momento, um tempo em que o sonho funcionou, foi bacana, mas é hora de articular um plano B”.
Paulo Scott, escritor (http://www.posfacio.com.br/2014/08/07/paulo-scott-esta-cansado/)
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"O crítico, ao menos dentro das condições do presente, enfrenta e produz alguns problemas, vejamos: (1) se ele escreve a favor de determinado autor – ou seja, diz bem do seu trabalho, livro, poema, etc – não faz bem porque poucos sabem escrever “a favor” (sem tropeçar no compadrio) hoje em dia. De outra parte, essa ideia de “coletivo de escritores” reduz o “a favor” a um vergonhoso estilo laudatório que preserva mais o sujeito que elogia do que o elogiado, pois no momento seguinte o objeto dos confetes lançados terá de retribuir o gesto na mesma moeda. Escrever “a favor” (e as condições momentâneas apontam para isso) é quase sinônimo de relação corruptora.
E (2) se o crítico escreve contra, ele é um filho da puta (com o perdão da expressão, culto leitor) porque esse “coletivo de escritores”, todos eles conectados graças às redes sociais, esse coletivo de ativistas, forma um campo benfazejo onde se prosperou a ideia – inclusive para que ninguém sofra um surto psicótico – de que não existem mais bons nem maus escritores. O que importa é participar; ser um representante desse coletivo".
Ronald Augusto, escritor, crítico e músico (http://www.sul21.com.br/jornal/o-ambiente-literario-e-a-inexistencia-da-poeta-que-era-mulher-de-verdade/)
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“Tenho folgado em saber que uns tantos escritores percebem vida literária além da autoficção, que tanto caracteriza a literatura brasileira contemporânea. No exterior, agentes e editores me perguntam quando nossa produção literária vai apresentar histórias que não envolvam almas torturadas de narradores com bloqueio de criação, mergulhados em relações perversas, em cenários de grandes metrópoles, narrativas que buscam sistematicamente diluir sinais de brasilidade.”
Luciana Villas Boas, agente literária (http://www.musarara.com.br/tres-notas)
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"Nasci para professor. Quero ensinar até o que não sei".
"Graciliano é muito limitado. A crítica confunde pobreza com poder de síntese".
Oswald de Andrade, escritor (http://www.revistabula.com/960-ultima-entrevista-oswald-andrade/)
quinta-feira, 14 de agosto de 2014
O Poderoso Chefão II
"Não é impossível. Nada é impossível. Se há algo certo nessa vida, se a história nos ensinou alguma coisa, é que se pode matar qualquer um".
Do personagem Michael Corleone, em O Poderoso Chefão II.
Roteiro de Mário Puzzo, direção de Francis Ford Coppola.
quarta-feira, 13 de agosto de 2014
Esses Jovens Andam Estranhos
Eu já estava vestido com meu abrigo velho do Inter, aquele surrado que uso para ficar em casa, antes de dormir, quando as vizinhas começaram, outra vez, uma festinha. Dia de semana. De manhã cedo, tenho que sair para trabalhar.
Talvez, não consiga pegar no sono. Sinal de que estou ficando velho. Faz pouco tempo, não acordava nem com tiro, briga, festa, o escambau. As vizinhas, duas irmãs de 18 e 20 poucos anos cada, estão sozinhas em casa. “Elas estão certas, deixa aproveitarem”, eu diria se me perguntassem. Afinal, qual o problema?
Os amigos chegaram e logo logo começou uma cantoria. Uma disputa de karaokê. A essa altura, sei que não vou dormir mais. Sirvo uma dose e abro a janela. Não há cheiro de maconha e pelas vozes, que tomam conta de toda a rua, ninguém parece bêbado. Por consequência, não há sinal de sexo. Esses jovens andam estranhos...
E eu não consigo parar de rir deles – e um pouco de mim, lógico. Estou ficando velho. Não pego mais no sono tão fácil.
Amanhã, vai ser barra.
Talvez, não consiga pegar no sono. Sinal de que estou ficando velho. Faz pouco tempo, não acordava nem com tiro, briga, festa, o escambau. As vizinhas, duas irmãs de 18 e 20 poucos anos cada, estão sozinhas em casa. “Elas estão certas, deixa aproveitarem”, eu diria se me perguntassem. Afinal, qual o problema?
Os amigos chegaram e logo logo começou uma cantoria. Uma disputa de karaokê. A essa altura, sei que não vou dormir mais. Sirvo uma dose e abro a janela. Não há cheiro de maconha e pelas vozes, que tomam conta de toda a rua, ninguém parece bêbado. Por consequência, não há sinal de sexo. Esses jovens andam estranhos...
E eu não consigo parar de rir deles – e um pouco de mim, lógico. Estou ficando velho. Não pego mais no sono tão fácil.
Amanhã, vai ser barra.
segunda-feira, 11 de agosto de 2014
O Prazo de Validade das Coisas
Você abre a dispensa e é soterrado por tudo que poderia ter sido. Você senta no sofá gasto e o velho Quintana lhe avisa que já são seis horas, há tempo... Se você tivesse a manha, teria seguido a risca aquele maldito livro de autoajuda que recebeu no amigo secreto da firma e hoje só serve de calço para a mesa da sala. Ou, quem sabe, teria escrito um roteiro mais fácil. Você não acha graça de suas elucubrações e abre a última garrafa. Não pode beber, está tomando anti-inflamatórios. Você fica impressionado com o prazo de validade das coisas. Disseram no noticiário que o mel não estraga. Você odeia mel. É doce demais. A hora é agora, você pensa. Mas você estava com um poema na cabeça e bateu o carro contra o muro de uma escola. A estação de trem está fechada. Você lembra que enquanto dormia, ela ria de verdade. E, agora, quando o riso começa a ecoar, você aumenta a televisão. Ela jogou sujo – mas quem não joga? Você poderia ter sido um boxeador ou um belo zagueiro de várzea, mas o problema é que você é vulnerável demais. Você abre a janela do quarto e a escuridão está serena. Os gatos aproveitam a deixa e se equilibram no parapeito. Olham tudo e não veem porra nenhuma. Poderiam pular para chegar mais perto, poderiam fugir para bem longe, mas eles desistem logo. Preferem ficar lambendo suas feridas.
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
O Maior Músico e o Maior Cartunista
História contada por Jaguar na Flip desse ano (pesquei do blog do Barcinski).
“Millôr odiava o Tarso de Castro, que era muito amigo do Chico Buarque, então o Millôr vivia falando mal do Chico. Um dia, eu estava com o Millôr num bar, quando o Chico chegou e foi tirar satisfação. Teve uma discussão, o Chico cuspiu no Millôr, que jogou tudo que tinha na mesa – incluindo a moça com quem ele estava – em cima do Chico. No dia seguinte, fiz uma notinha dizendo, sem citar nomes: ‘O maior músico brasileiro e o maior cartunista brasileiro saíram no tapa num bar.’ E comecei a ouvir de um monte de gente: ‘Que história é essa, que o Ziraldo saiu na porrada com o Martinho da Vila?’”.
“Millôr odiava o Tarso de Castro, que era muito amigo do Chico Buarque, então o Millôr vivia falando mal do Chico. Um dia, eu estava com o Millôr num bar, quando o Chico chegou e foi tirar satisfação. Teve uma discussão, o Chico cuspiu no Millôr, que jogou tudo que tinha na mesa – incluindo a moça com quem ele estava – em cima do Chico. No dia seguinte, fiz uma notinha dizendo, sem citar nomes: ‘O maior músico brasileiro e o maior cartunista brasileiro saíram no tapa num bar.’ E comecei a ouvir de um monte de gente: ‘Que história é essa, que o Ziraldo saiu na porrada com o Martinho da Vila?’”.
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
... Ou Morte
As balas
E as bombas
Arrebentam tudo
Monto barricadas
Com lascas e tocos de poesia
Sou o general das estratégias perdidas
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