quarta-feira, 19 de março de 2014

Geografia - Conto Publicado no Site Mínimo Múltiplo

Na minha época de escola (o glorioso Ana Neri, no bairro São Sebastião), volta e meia, as professoras tinham uns discursos que ultrapassavam a lição de moral. Era mais que uma divagação sobre o que é certo e errado. Era uma preocupação sincera com aquelas criaturinhas.

Aquelas mulheres tinham seus problemas em casa. Deviam ver que o mundo não ia bem. E o que seria daqueles infelizes ali, sentados naquelas carteiras, copiando tudo que estava no quadro negro? Como seria a vida deles, dali pra frente? Não deve ser fácil ser professor(a)...

Bom, depois que a gente fica mais velho algumas coisas voltam. Baseado nessa lembrança, fiz esse conto, Geografia, publicado no site Mínimo Múltiplo. Abaixo, um trecho. Para ler o conto completo só clicar aqui.

Geografia

– Eu os invejo – disse, em meio a vozes. – Vocês que parecem e se mostram felizes. Vocês precisam entender que a felicidade é algo absurdo. É algo comovente e único. Um momento de felicidade vale uma vida inteira. Buscá-la é o sentido de tudo que nos cerca. Não é a morte. Não é a vida. O inexplicável, incompreensível, o mistério que encanta, encerra ou escancara as janelas da alma, é a felicidade. Eu afirmo para todos que têm ouvidos para escutar: vocês se enganam, com esses sorrisos, esses trejeitos premeditados e essas falsas lutas corporais. Admirar uma paisagem natural ou manipulada, um animal, ou até mesmo um bebê, não deve resultar em felicidade instantânea. No máximo, alegria, ou qualquer outro momento fugaz, um sentimentalismo menor. Não há como encontrar a felicidade, planejá-la ou construí-la de forma pensada. Tudo que nos rodeia não é, de forma alguma, felicidade. Felicidade não é um sentimento que reflete uma natureza. Não é algo banal, fútil, frívolo, que foi criado com o Universo, mesmo o Universo sendo repleto de uma alta complexidade...

(...)