O pai ainda sonha com seus dias de aventura. A mãe, que abdicou do trabalho e assumiu de vez a casa, mira o relógio da sala e lembra que, nesse exato momento, deveria estar batendo o cartão ponto. Ambos estão diante da mesa posta. Repreendem, em coro, seu filho por falar de boca cheia. A coincidência de fala sincronizada não causa espanto algum. Só da criança, que ri e segue fazendo troça.
O homem, então, vai até a janela. Dá as costas. Acende um cigarro. Respira fundo. Tem a mais absoluta certeza que tomou a decisão errada. A mulher finge que não se incomoda com a fumaça. Recolhe os pratos e a tolha de mesa. Eles sabem que é tarde demais.