Tem uma novidade filosófica contemporânea. A autocrítica que eu faço do outro. Recentemente, a atriz Leandra Leal, no programa Altas Horas, da Rede Globo, afirmou o seguinte: “Acho que tem uma autocrítica que toda sociedade tem que fazer agora” e seguiu elencando discursos e posturas do presidente Jair Bolsonaro em um período anterior a ele ter sido eleito, demonstrando que, conforme suas posições prévias, era previsível a péssima gestão em relação a pandemia e outras pautas. O que concordo com ela.
Sua fala repercutiu nas redes sociais e, como tudo que reverbera nesses meios, gerou tensão e polêmica. O curioso é que nada do que ela disse se tratou, de fato, de uma autocrítica, pois ela não é uma eleitora do presidente. Em uma pesquisa rápida no Google, seu nome é relacionado ao Partido dos Trabalhadores (PT). Leandra afirmou que votaria em Dilma Rousseff, na eleição passada, e Fernando Haddad, no pleito mais recente.
Então, que autocrítica é essa que ela faz se passando por outra pessoa? Em outro ramo filosófico, o da Lógica, não há sentido nenhum nisso. Na verdade, apenas reflete um comportamento banal e que existe desde sempre: o de julgar. No caso da Leandra, a tal autocrítica seria fazer uma análise dos motivos que fizeram milhares de pessoas votarem em Haddad, uma segunda opção do PT, após Lula se tornar inelegível por corrupção, ainda no primeiro turno, sendo que havia outras opções à direita e à esquerda.
Perguntas, perguntas… Enfim, a autocrítica de verdade – a redundância aqui se faz necessária – é um exercício fundamental em todos os momentos de nossas vidas. No campo da política, não é diferente. O ano de 2022 será um período precioso para exercê-la.
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Texto publicado no jornal Diário de Canoas.
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