quarta-feira, 10 de março de 2021

Na Natureza Selvagem - Trecho

 


O sol surgiu. Enquanto desciam das cristas reflorestadas acima do rio Tanana, Alex olhava para o terreno pantanoso, coberto de juncos e musgos e varrido pelo vento que se estendia para o sul. Gallien se perguntava se não teria dado carona para um daqueles birutas dos outros 48 estados do Sul que vinham para o Norte realizar as arriscadas fantasias de Jack London.

Há muito tempo que o Alasca atrai sonhadores e desajustados, gente que acha que a vastidão imaculada da Última Fronteira irá preencher todos os vazios de sua vida. Porém, o mato é um lugar que não perdoa, que não dá a mínima para a esperança ou o desejo.

"As pessoas de fora", relata Gallien com sua fala arrastada e sonora, "pegam um exemplar da revista Alaska, folheiam e ficam pensando: 'Ei, vou para lá, viver da terra, levar uma boa vida'. Mas quando chegam aqui e entram de verdade no mato, bem, aí não é como a revista tinha contado. Os rios são grandes e rápidos. Os mosquitos comem você vivo. Na maioria dos lugares, não há muitos animais para caçar. Viver no mato não é um piquenique."


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