Flordelis tem quatro filhos biológicos e outros três adotados da "primeira geração" que faziam parte da "elite dos filhos". Estes tinham acesso a uma geladeira com tudo do melhor, enquanto os demais 40 e tantos dormiam em quartos coletivos e comiam pão seco, massa e salsicha. Anderson, o marido morto, era um dos primeiros adotados. Durante um tempo ele namorou uma filha biológica da Flordelis, então, ele era filho e genro ao mesmo tempo e, depois, se tornou marido, enquanto ela foi mãe, sogra e esposa da mesma pessoa. E da filha, ele foi irmão, namorado e, depois, padrasto. Fora isso, Flordelis costumava frequentar uma casa de swing, onde teria um quarto exclusivo para participar de surubas com a filha, ex do marido, o marido e o marido da filha. Tá confuso? Mas tem mais, segundo um dos filhos, quando adotado foi trancado em um quarto para se purificar, enquanto a mãe adotiva o visitava para domá-lo sexualmente, dias e dias de sexo. Depois de aceito, em um ritual secreto, o pastor Anderson, o assassinado, se apresentava pelado e fazia com que os iniciados cortassem a mão e, com sangue, escrevessem trechos dos Salmos. Mas não acabou ainda, não. Anderson pedia permissão para também fazer sexo com os recém adotados. Quando de visitas de pastores de outros países, o casal oferecia uma das filhas para o prazer sexual como bons anfitriões. Flordelis teria tentado matar o Anderson oito vezes, envenenando sua comida (ele é ruim de morrer, teria dito um a das filhas), por conta do controle financeiro da igreja que fundaram, que tem o sugestivo nome de Cidade do Fogo. Anderson estaria cortando regalias da elite dos filhos e, estes, em associação com Flordelis, arquitetaram seu assassinato com mais de trinta tiros, a maioria parte na região pélvica da vítima. Agora sim temos um roteiro para uma série de fanatismo, horror e violência, proibida para menores. Nem Pasolini conseguiria filmar isso daí.
Texto de Marcelo Benvenutti