segunda-feira, 15 de junho de 2020

Ponto de Virada


Só quando se é pai e mãe é que se entende e se sente certas coisas. Eu jamais fui de chorar. Jamais cedi a pieguice. Isso até ter um filho. Quando meu guri nasceu, não chorei. Ao contrário, sorri. Mas quando a enfermeira do Hospital Conceição me mandou embalá-lo e cantar algo pra ele, não me aguentei. Ali, foi o ponto de virada. Uma parte de mim, dura e sisuda, ficou para trás.

Hoje, por exemplo, eu não consigo mais ouvir certas músicas sem ficar profundamente comovido. É o caso de Lady Laura. No clássico, de Roberto e Erasmo, o Rei diz que tem "às vezes, vontade de ser novamente um menino" e vai relembrando tudo que sua mãe, a Laura, fazia por ele.

Óbvio. Penso na minha mãe, penso na minha vó e choro. Tudo que elas fizeram, e que Lady Laura fez, é bonito demais. Se doar e se entregar para alguém. Alguém que não sabe, muitas vezes, o que fazer. Guiar uma vida e estar presente nos momentos difíceis. É uma dádiva.

Olho meu guri. Olho para trás. E, só agora, realmente compreendo tudo que se passou.

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