quinta-feira, 22 de novembro de 2018

O Homem que Conserta Máquinas de Escrever - Seu Ibanez Flores


Depois de ir buscar a Olivetti da amiga Priscila Ely, voltei na loja e oficina do Seu Ibanez Flores, Centro de Porto Alegre. O homem que conserta máquinas de escrever. Muita história. Num canto, uma das máquinas recém arrumadas tem mais de 96 anos. Preta. E como brilha! As peças, até mesmo as miúdas, tiveram que ser cromadas. Noutro lado, uma que passa de cem anos sendo cuidada aos poucos. Tem até uma laranja. Chama a atenção. A história é curiosa. A dona pagou uma parte e nunca mais voltou pra buscar. Ele foi atrás. Não a encontrou. São quatro anos de sumiço. Pergunto se ele quer vender. "Não posso. Vá que ela volte". Flores trabalhou no Correio do Povo e Zero Hora. Era o responsável pelo setor de manutenção dos equipamentos, então fundamentais para colocar os jornais na rua. "Na Zero Hora tinham 2.5 mil máquinas de escrever. Nossa equipe trabalhava sem parar", disse. No fim, o homem confidenciou. Está cansado. Passou dos 80 e quer desistir do negócio e aproveitar um pouco a vida. Porém, teve a precaução de deixar o legado para dois colegas e amigos. Ambos, mais novos que ele. "Mas são velhos também! O mais jovem tem quase 60. Se eu bater as botas, eles assumem", brincou.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Daquele Instante em Diante - Documentário Itamar Assumpção


Um documentário de 2011 que destrincha a trajetória de Itamar Assumpção, prolífico cantor e compositor que, durante seu período de atuação, não teve reconhecimento de grande parte do público e crítica, sendo taxado de artista "marginal" e "maldito".

Ele participou do movimento Vanguarda Paulista, na década de 1980, junto de Arrigo Barnabé, Grupo Rumo, Premê, entre outros. Porém, sua carreira não se resume a isso. Vale ouvir com atenção seus discos. Neles, fica evidente o manancial criativo que foi Itamar Assumpção. Difícil carimbar rótulos no som que ele produziu.

No filme, a filha dele, Anelis Assumpção, relembra um diálogo que teve e que demonstra bem o que foi a vida do pai artista (e é também um resumo do que é fazer arte no Brasil hoje):

- E depois que ele fez tudo isso e não teve o reconhecimento merecido, o que aconteceu com o Itamar? 

- Depois disso, ele morreu.


Daquele Instante em Diante - Direção Rogério Velloso (2011)


sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Podcast - A Literatura Best-seller tem Valor?


Participei de um podcast para o site Mínimo Múltiplo. No programa, também participam os jornalistas Lucas Colombo e Jeison Karnal.

A pauta parte da presença de Paulo Coelho, Augusto Cury e os "instapoetas" nas listas de livros mais vendidos para discutir o valor da dita literatura "best-seller". Qual é a "fórmula" de Paulo Coelho? Livros assim ajudam a formar leitores, a fazê-los depois procurar uma literatura mais elaborada?

Ouça a conversa.


segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Um Gato que Se Chamava Rex no Diário de Canoas



O gato que se chamava Rex e pedia respeito

Livro infantil dá lição de tolerância para a garotada

Jeison Silva

Rex é um nome clássico de cachorro. Mas quem disse que gato não pode ter esse nome? O livro infantil "Um gato que se chamava Rex", do escritor Lucas Barroso, faz desse pequeno deslocamento sígnico uma metáfora para a complexidade da vida. Uma questão e tanto para a criançada, nesses tempos estranhos: discute intolerância e incentiva o respeito às diferenças (e não se limita a questão de gênero). A publicação da Editora Moinhos é ilustrada por Humberto Nunes e será lançada na Feira do Livro de Porto Alegre em 9 de novembro, às 19h30, na Praça de Autógrafos.

O autor jornalista veio matutando a ideia desde o lançamento do livro de contos "Um Silêncio Avassalador" (2016). O nascimento do primeiro filho, Murilo, foi o que inspirou o escritor adulto a conversar de novo com o mundo infantil, uma espécie de reencontro consigo mesmo. "Foi uma dupla descoberta, aprendi a ser escritor e a ser pai", brinca. "O Rex é um personagem carismático, fácil de se apresentar numa contação em escolas, aproximará filhos e pais". Em um dos trechos de maior lirismo e sabedoria, o narrador de "Um gato que se chamava Rex" como que faz um alerta ao futuro adulto: "A vida tem uma porção de coisas que a gente não entende bem. Muitos mistérios, segredos e surpresas ao longo do caminho. Algumas vezes, fica difícil explicar ou compreender o que acontece". O livro pode ser talvez a primeira grande reflexão de um menino ou menina, uma filosofia que persistirá para toda a vida.


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Matéria publicada na edição impressa do Diário de Canoas, caderno Variedades, dia 2 de novembro de 2018.