terça-feira, 7 de junho de 2016

O Sol da Velhice


Aos poucos, as lembranças ruins sumiram. Restou o lado bom do que foi vivido. Sabia a cor e o cheiro do passado. Muitas vezes, não conseguia descrever. Porém, o sentimento era nítido. O tempo se encarregou de tornar seus dias saudosos.

Não tinha mais raiva do pai sisudo em demasia. O ciúme da irmã que desapareceu. O mais recente esquecimento foi sua esposa. Passara bons momentos com ela. E isso bastava. Sua precipitação e consequente fuga de casa, com os filhos à tiracolo, eram uma névoa que tinha se dissipado com o Sol da velhice.

Ele não vivia mais a perigo. Tampouco tinha demônios para domar. A única questão era: o que ele faria com esse tratado de paz que acabou de assinar com a vida?

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