segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Quando Os Vencedores Ficam Pra Trás


Tem o caso daquela atleta suíça, Gabriele Andersen, na Olimpíada de Los Angeles, em 1984. Ela chega toda torta, cambaleante, na reta final da maratona feminina. Até que cruza a linha e desmaia nos braços dos assistentes. 37ª colocada. Mesmo assim entrou para a história. Superação. Espírito olímpico. Etc. Agora eu pergunto: alguém lembra quem ganhou aquela bendita medalha de ouro? Ninguém lembra. O mundo só tem olhos para a suíça perdedora. A vencedora, que se preparou anos para ser campeã, está esquecida em algum canto.

Veja outro caso: Doutor Sócrates. Jogou futebol de 1974 a 1989. Nesse tempo todo ganhou três campeonatos paulistas pelo Corinthians (teve uns cariocas pelo Flamengo, mas ele jogou muito pouco no clube). Mesmo assim, está no panteão dos melhores de todos os tempos. Um dos atletas mais inteligentes da história, segundo o jornal britânico The Guardian. Nada de título brasileiro, nada de Libertadores. Pela seleção, nem uma Copa América ele conseguiu. Injustiça. Merecia ter vencido, pelo menos, a copa de 82.

E o Zinho? Jogou de 1986 a 2007. Conhecido maldosamente como “enceradeira”. Girava com a bola escondida rente aos pés. Foi campeão do mundo em 1994, como titular da seleção. Cinco vezes campeão brasileiro. Quatro Copas do Brasil e uma Libertadores da América no currículo.

Arrisco afirmar que, em 50 anos, ninguém se lembrará mais do Zinho. Como ninguém se recorda mais de Joan Benoit Samuelson, norte-americana. Vencedora da maratona de 1984.

Às vezes, o mundo também sabe ser injusto com os vencedores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário