segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Os Cavalinhos de Platiplanto - Trecho

"De vez em quando um cachorro latia sem muito entusiasmo e logo se calava como se estivesse apenas cumprindo uma obrigação, ou avisando que não o esquecessem, que ele também queria entrar na paisagem".

José J. Veiga

Trecho de um dos contos de Cavalinhos de Platiplanto (1959).

domingo, 15 de outubro de 2017

Vídeo: Um Silêncio Avassalador no Ponto Para Ler



O Paulo Souza, do Ponto para Ler, falou um pouco sobre meu livro, Um Silêncio Avassalador, em seu canal no YouTube. "Li em uma tarde. De tão bons que são os contos".

Para quem quiser acompanhar o canal Ponto Para Ler, dá para acessar o link https://www.youtube.com/channel/UCDFjlcBkv9YQIMepHg5xHLw

Quem tiver interesse no livro (ebook ou no papel), ele está à venda nos sites da http://editoramoinhos.com.br/, Amazon ou Cultura.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

O Rei de Havana - Em frente ao Hotel Deauville


Eram sete da noite, mas o sol ainda estava alto e forte. Foi andando devagar, chegou em frente ao hotel Deauville e descansou um pouco sentado no muro. Havia pouca gente. De noite, esse lugar ficava cheio de putas e malandros, travestis, maconheiros, gente do interior que não sacava nada. Punheteiros, vendedoras de amendoim, cafetões com rum e tabaco falsificado e cocaína verdadeira, putinhas recém-importadas do interior, músicos de rua com violões e maracas, vendedores de flores, triciclos com seus taxistas multiofício, policiais, aspirantes e emigrantes. E algumas mulheres infelizes, algumas velhas, alguns meninos, os mais pobres entre os pobres, que se dedicam a pedir moedas incansavelmente. Quando um turista incauto e melancólico aterrissa no meio dessa fauna não agressiva, mas engraçada e convincente, geralmente cai fascinado na armadilha. Acaba comprando rum ou tabaco de merda, achando que é original e que está sendo muito esperto e que está tendo muita sorte. Às vezes, meses depois, acaba casando com uma dessas esplêndidas mocinhas ou se junta com um garoto pintudo. Depois dessas proezas, o turista garante aos amigos que agora é feliz, que a vida nos trópicos é maravilhosa e que gostaria de investir aqui seu dinheiro e ter uma casinha à beira-mar, com sua negrinha complacente e atraente, abandonando o frio e a neve, para não ver mais as pessoas educadas, cuidadosas, calculistas e silenciosas do seu país. Enfim, cai num transe hipinótico e sai da realidade.

Trecho de O Rei de Havana (1999). Romance de Pedro Juan Gutierrez.