Cento e oito reais. Foi o que ele disse. Ela, simplesmente, desviou o olhar para os outros casais. Repetiu, baixinho. Cento e oito reais... Batucou na mesa, como se esperasse uma resposta. Ela se manteve calada. Ele chamou o garçom e lhe alcançou o cartão de crédito.
Voltou-se para ela. Antes de terminar a noite, queria assistir seu feminismo ufanista e seu socialismo de boutique se encerrarem ali, na hora de dividir a conta do restaurante.
Logo, logo retornariam para casa. No trajeto, discutiriam essas e outras amenidades. Até o ponto de ficarem com raiva um do outro. Não transariam. Desabariam cada um para seu lado da cama. De manhã, ainda com raiva, ele perguntaria rispidamente se tem frios para o café da manhã e ela responderia de forma áspera que não.
Então, ele botaria qualquer roupa e sairia atrás de cem gramas de queijo e presunto.